PRÉMIO MOBILIDADE ’10
Concurso I santa casa da misericórdia de lisboa I ordem dos arquitetos
Trata-se de um concurso de ideias, em que a solução de projeto é desenvolvida ao nível de Estudo Prévio, formalizada numa solução arquitetónica, em resposta a questões relacionadas com a mobilidade, num contexto de edifícios habitacionais com interesse histórico e arquitetónico, reconvertidos com funções de equipamentos para a 3.ª idade.
Tendo como ponto de partida o Palácio Marqueses das Minas, Lar Nossa Senhora do Amparo para o desenvolvimento de um "(…) conceito de utilização do pátio, enquanto espaço de acolhimento e lazer e, simultaneamente como espaço de acesso e distribuição (…)”, que sirva de “(…) modelo/protótipo aplicável a todos e qualquer edifício de características semelhantes (…)” procuraram-se essas características potencialmente comuns.
Neste contexto o projeto propôs a implantação de um núcleo composto por caixa de escadas e ascensor, em local que, resolvendo as questões de acessibilidade, não interfere diretamente com as construções classificadas, mantendo a escala e as relações dos espaços exteriores: para o caso em estudo, a sua localização, assumida que foi a demolição das construções anexas de origem recente, será no tardoz do lote, junto à Rua de São Ventura, possibilitando também assim, um percurso acessível desde essa rua.
Desse núcleo surgirão as rampas que permitirão percursos acessíveis a todos os pisos do imóvel, qualificando os espaços exteriores existentes e relacionando-se com as preexistências; no presente caso, o pátio existente manterá a sua escala e unidade, dado que o sistema de rampas/escadas/ascensor se implantará nos limites do terreno, substituindo parte das construções anexas.
A construção proposta não se limita a servir as funções de circulação, sendo possível a criação de espaços qualificados de estar, relacionados entre si, através da criação de pés-direitos duplos e triplos e relacionados também com o exterior; nesse sentido pretende-se que os espaços resultantes do sistema de rampas/escadas/ascensor sejam espaços interiores, habitáveis, com condições de conforto e não sirvam exclusivamente as funções de circulação.
A delimitação do conjunto proposto será feita com uma superfície translúcida de deixe antever o jogo de rampas e valorize a dinâmica formal que este sistema possibilita. Esta fachada terá elementos móveis para ventilação e acesso ao exterior.
Do ponto de vista da Construção, deverá ser avaliada a profundidade de intervenção e a escolha criteriosa das tecnologias a aplicar; no entanto e porque na maioria dos casos essas preexistências terão sido construídas em sistemas de paredes autoportantes de alvenaria de pedra, as novas aplicações deverão contemplar a adaptação a esse sistema construtivo e deverão, numa perspetiva de salvaguarda e transmissão de uma herança patrimonial, fazer coexistir os trabalhos de restauro (reparações com os mesmos métodos construtivos e materiais da construção), com trabalhos de reabilitação, compatibilizando os elementos existentes com materiais e tecnologias atuais e com a introdução dos novos equipamentos e infraestruturas necessários à resolução das questões de mobilidade; assim deverão ser utilizadas técnicas pouco agressivas, com sistemas estruturais ligeiros, que respeitem o caráter construtivo dos edifícios originais, com baixa energia incorporada na sua produção e no seu transporte, preferencialmente recicláveis, que permitem uma otimização dos recursos e potenciem a sustentabilidade da construção.
Em síntese: em alternativa a uma solução formal fechada, pretende-se a definição de um sistema composto por um núcleo de caixa de escadas e ascensor, complementado com rampas que permitam as acessibilidades necessárias, num conjunto enquadrado pelas preexistências.
- Arquitetura: Paulo Seco
- Colaboração: Filipe Lourenço
- Localização: Lisboa
- Projeto: 2010
- Construção:
- Imagem: Impare Arquitectura


















